Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Há nos versos acima uma tentativa, por parte do sujeito poético, de se reconhecer e se identificar encontrando o seu lugar no mundo.
Num exercício de busca constante, o eu-lírico se aproxima de definições possíveis embora abstratas. Há, porém, um tom sombrio no poema, um registro taciturno, de solidão profunda, como se o sujeito se sentisse um pária.
Os versos invocam uma atmosfera fúnebre, com um ar pesado, sentido.
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